A Família Yates no Brasil

Pelotas em 1851, época da chegada dos imigrantes irlandeses. Aquarela de Herrmann Rudolf Wendroth
Este é o resultado de uma pesquisa sobre a origem da família Yates no Rio Grande do Sul, a partir do pioneiro, Richard Lloyd Yates, um jovem inglês que chegou ao Brasil em 1851. Ele viajou junto com os imigrantes irlandeses que embarcaram no porto de Liverpool naquele ano e atravessaram o oceano para vir formar a colônia Dom Pedro II, no Capão do Leão, antigo distrito de Pelotas, hoje município.
Deixando a Inglaterra, Richard uniu seu destino aos irlandeses e ao Brasil. Casou com Mary Monks, integrante da colônia. Alguns dos oito filhos desse casal também se uniram a integrantes de famílias irlandesas. Desse modo, nós, Yates, descendentes do inglês Richard Lloyd Yates, somos também um pouco irlandeses.
O pioneiro Richard
Richard Lloyd Yates tinha 16 anos, no distante ano de 1851, na Inglaterra, quando seu destino mudou repentinamente. Jovem, destemido, de personalidade forte, não aceitou a imposição dos parentes, que desejavam para ele uma vida dedicada ao sacerdócio. Decidido a não se submeter a essa vontade, abandonou a casa da família e lançou-se numa aventura que o traria ao sul do Brasil. Em Liverpool, juntou-se a um grupo de imigrantes irlandeses, que se preparava para deixar o país natal, a bordo da barca Irene, um veleiro de pequeno porte que faria várias viagens transportando imigrantes. Empobrecidos, iam tentar a vida numa terra nova, depois de amargar o horror da Grande Fome, que matou milhares de pessoas na Irlanda e fez muitos abandonarem o país.
O jovem inglês não hesitou: juntou-se ao grupo, sem dinheiro nem pertences, e embarcou rumo ao Novo Mundo – onde iria fixar-se para sempre, construir uma grande família e firmar-se como fazendeiro, reunindo bens e possuindo, no final da vida, uma propriedade de mais de 600 hectares de terra, com criação de gado e produção de manteiga. Segundo Nino Borges, um dos descendentes de Richard, existe outra versão para o deslocamento do inglês, contada por antigos familiares: ele teria vivido um período na Irlanda, trabalhando em troca de comida, na propriedade dos Monks, até o embarque para o Brasil.
A viagem foi longa: cerca de 50 dias no mar após o embarque em Liverpool, no segundo semestre de 1851. Ao fim desse tempo, Richard e seus companheiros irlandeses avistaram as primeiras paisagens da costa brasileira. Desembarcaram no porto de Rio Grande e foram logo transportados pelo cônsul britânico na cidade, John Morgan Junior, até o Capão do Leão, em Pelotas, onde assumiriam os lotes de terra a eles destinados pela Associação Auxiliadora da Colonização de Estrangeiros – um empreendimento privado, que trazia imigrantes europeus para ocupar e trabalhar a terra, pagando parceladamente pelos lotes.
Documentos existentes na Biblioteca Pública de Pelotas comprovam a hipótese de que o jovem inglês viajou repentinamente, sem preparação e sem recursos. No grande livro em que a Associação Auxiliadora registrava o que era cedido aos colonos e os pagamentos realizados, consta que Richard Yates ressarciu com trabalho, durante alguns meses, o valor da passagem entre Liverpool e Rio Grande, emprestado por outros três colonos - David Walsh e os irmãos William e James Bent.
O nome dele aparece em outros documentos. No Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, onde estão guardados documentos esparsos sobre a imigração de irlandeses em Pelotas, há uma pasta denominada “Associação Auxiliadora de Colonização – 1855”. Nela, consta um “Mapa dos colonos embarcados a bordo da barca inglesa Irene”, que era chefiada pelo comandante Downward. O documento, com data de 12 de setembro de 1851, relata que havia na barca 66 pessoas, das quais 21 eram do País de Gales, 25 eram irlandesas, 20 vinham da Inglaterra. Um dos ingleses era Richard Lloyd Yates, então com 19 anos, conforme declarado, originário da localidade de Kidderminster, Worcestershire. A idade de 19 anos não deve estar correta. Richard teria nascido no ano de 1835, portanto, teria entre 15 e 16 anos ao chegar ao Brasil.
Quem era o jovem Yates
Sabemos muito pouco sobre esse jovem inglês que veio dar com os costados no sul do Brasil, numa época em que atravessar o oceano, vindo da Europa, era um empreendimento arriscado, de muito desconforto, cheio de perigos. No registro de seu casamento com a irlandesa Mary Monks, na Catedral de Pelotas, em 15 de maio de 1858, consta que Richard era natural de "London". Em outros registros, ele aparece como oriundo de "Salope", antigo nome de Shropshire, Inglaterra, cujos habitantes ainda hoje são chamados “salopians”.
Porém, uma informação mais segura sobre a origem de Richard Yates foi dada pelo pesquisador Rex Sinnott, que vive na Nova Zelândia e procura no Brasil rastros do antepassado Edmund Sinnott. Ele auxiliou nesta busca pelos antigos Yates e localizou o documento de batismo de Richard Lloyd Yates, filho de George Yates e Ann Lloyd Yates, em 21 de fevereiro de 1836, na pequena localidade de Ditton-Priors, no condado de Shropshire, 200 quilômetros a noroeste de Londres. O registro, porém, não informa o local de nascimento, nem a data.
Anos mais tarde, segundo o censo de 1851, a família Yates vivia no distrito de Kidderminster, comunidade de Chaddesley, em Worcestershire, numa casa onde moravam George e Ann e os filhos Richard e Maria Yates - além de Mary Speman, como consta no registro. Nos censos das décadas seguintes, George e Ann, bem como os filhos Maria e também William e Alfred, continuaram sendo citados. Mas o nome de Richard desaparece desses últimos censos, o que combina com o fato de ter partido para o Brasil no final do ano de 1851. Kidderminster foi a cidade que Richard informou como sua origem, ao desembarcar no Brasil, conforme carta guardada no Arquivo Histórico, entre documentos sobre a chegada dos imigrantes.


Esta é a pequena vila de Ditton Priors, em Shropshire, onde Richard Lloyd Yates foi batizado.

Kidderminster, no condado de Shropshire
A história oral da família conta que, tendo cortado relações com os parentes na Inglaterra, o jovem decidira nunca mais voltar a ter contato com eles. Anos depois de sua chegada, uma pessoa teria vindo ao Brasil para tentar convencê-lo a se reconciliar com a família. Mas Richard teria respondido que, para ele, “estavam todos mortos”. Existem também relatos de que, tempos mais tarde, ele teria retomado contato com os familiares e que seu pai, George, na Inglaterra, lhe enviava equipamentos agrícolas que ele revendia na comunidade em Pelotas. Quem conta isso é dom Glauco Soares de Lima, ex-bispo primaz da Igreja Anglicana no Brasil e bisneto do pioneiro.

O nome de Richard Yates aparece em registro da Associação Auxiliadora da Colonização, entre
outros colonos. Ali consta que ele tinha 19 anos e que sua origem era Worcester Kidderminster.
O inglês Yates casa-se com a irlandesa Mary
Richard casou-se com Mary Monk, filha de Edward Monk e de Margareth (Margarida, como consta no registro) Monk. Esse casal se transferira da Irlanda com nove filhos. Pai e mãe tinham ambos 38 anos, na data da chegada. Mary era a filha mais velha, com 20 anos. Os outros filhos eram Izabel, 18, William, 17, Patrick, 13, Katherine, 9, Daisy, 6, Edward, 5, Joanna, 3, e Anna, de um ano e meio. Essa família era procedente do condado de Wexford, no sudeste da Irlanda, e registros de alguns de seus membros foram encontrados nas localidades de Murringtown e de Piercestown.
Richard era de religião anglicana e precisou converter-se para casar com a filha de uma família católica, como eram as dos imigrantes irlandeses. Isso aconteceu em 1855, porém o casamento só foi registrado em 15 de maio de 1858, na Catedral de São Francisco de Paula, em Pelotas, dias antes de Mary ter o primeiro filho do casal, Eduardo, nascido em 27 de maio e batizado em 11 de outubro daquele ano. Como esse era um tipo de assunto que as famílias da época não faziam questão de comentar com os descendentes, só descobrimos essa estranheza nas datas ao analisar os antigos registros. Não se sabe se isso se deveu a alguma restrição da Igreja ao recém-convertido ou a algum outro problema.


Partes do inventário de Richard Yates: montante do espólio e assinaturas dos herdeiros. Encontra-se no Arquivo Público do RS.
Uma fazenda na costa do arroio Moreira
Richard Lloyd Yates e Mary Monks Yates tiveram vida longa, muitos filhos e progresso financeiro. Quando ele morreu, em 28 de janeiro de 1908, aos 72 anos, possuía uma propriedade de 620 hectares (bem mais do que os cerca de 40 hectares que os colonos recebiam na chegada), no 4º Distrito de Pelotas, na costa do arroio Moreira, no lugar conhecido como Várzea do Fragata.
Seu inventário, que se encontra no Arquivo Público do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, incluía 101 cabeças de gado de cria, três cavalos, uma mula, 60 ovelhas, um carretão velho, uma carreta velha, uma carrocinha de quatro rodas, diversos instrumentos agrícolas. A terra foi avaliada em 11. 500 contos de réis e os bens da propriedade, em 2.760 contos de réis. Havia, numa caderneta da Caixa Econômica, 1.600 contos de réis. Todos os bens foram avaliados em 15.860 contos, divididos entre a esposa, Mary, que ficou com a metade, e os oito filhos. A fazenda foi vendida e seu valor repartido entre os herdeiros. O que consta é que o empresário Carl Ritter comprara o que restou da propriedade no Capão do Leão e que, na transação, foi envolvida como pagamento uma propriedade localizada na hoje Rua Manduca Rodrigues, em Pelotas, justamente próximo onde era a Fábrica de Cerveja Ritter. Consta em guia telefônico de 1954, na mesma rua, propriedade de Ricardo Yates Sinnott.
O pioneiro Richard morreu em consequência dos ferimentos que recebeu quando a fazenda foi assaltada por um bando de salteadores. Naquele dia, seu filho mais velho, Eduardo, que morava na fazenda com a esposa, Anna Stafford, havia ido à cidade com empregados. Quando voltava, viu espalhados pela estrada papéis e pertences que reconheceu como sendo da família. Desconfiou de um ataque à fazenda e correu para casa, encontrando o pai muito machucado pelos bandidos.
Antes do ataque, os donos da casa tinham conseguido colocar a salvo as mulheres jovens e as crianças, que foram levadas por um ex-escravo para se esconderem no mato, distante mais de uma légua. O velho Richard e a esposa, Mary, ficaram na fazenda para enfrentar os bandidos e ganhar tempo para a fuga delas e das crianças. Depois de muito agredidos, tiveram que contar onde estava o que os assaltantes queriam: moedas de ouro que a família mantinha escondidas num relógio de carrilhão, como conta Nino Borges, um dos descendentes, lembrando que os ladrões levaram também cavalos de raça criados na fazenda.
Os oito filhos de Richard Lloyd Yates eram: Eduardo, casado com Anna Stafford Yates; Ricardo Yates Junior, casado (Ricardo era marítimo, não permaneceu em Pelotas durante o inventário, e passou uma procuração ao irmão Eduardo para representá-lo); Maria, solteira; Catharina Yates Etchebeste, casada com Martin Etchebeste, dono de um açougue no bairro Fragata; Anna Yates Foster, casada com Julio Foster; Mathilde Yates Sinnott, casada com Guilherme Sinnott; Eliza Yates Sinnott, casada com Thomas Sinnott, e Eumênia Yates, solteira na época. Mais tarde, ela se tornaria professora estadual e se casaria com Genes Soares.
Iniciais escritas à bala
Havia na fazenda, na época do assalto, duas crianças recém-nascidas: Catharina, a quinta filha de Eduardo e Anna, e Maria Prudência, filha de Mathilde Yates e de Wilhelm Moller, o primeiro marido de Mathilde. Maria Prudência, que ganhou o apelido de Cecy, viria a ser a mãe de Hugo Poetsch, fundador da indústria de conservas Agape, em Pelotas.
Muitos anos depois da morte do pioneiro, algumas histórias sobre ele ainda eram contadas por seus descendentes, como Deolinda Stafford Yates, neta de Richard, filha número 9 de Eduardo e de Anna Stafford. Muito mais tarde, Francisco Yates dos Santos, sobrinho-neto de Deolinda, lembra que, nas tardes de chuva, quando as crianças não podiam brincar na rua, ele e as irmãs iam ao quarto da tia-avó, que chamavam “Vovó Tiche”, para ouvir essas histórias. Ela contava que, quando pequena, chegou a presenciar a habilidade do avô com pistolas. Ele era capaz de escrever suas iniciais com tiros num pedaço de madeira. Vovó Tiche também contava que as crianças se divertiam perguntando de onde ele viera, para ouvi-lo dizer, com aquele sotaque: "Liverpooooll".
Irene Loureiro Viana, bisneta do pioneiro Richard, filha de Catharina Yates Loureiro, lembra bem da avó Anna Stafford Yates e do modo como ela misturava palavras em inglês e português, numa confusão linguística que só os familiares entendiam. Quando Anna ficava zangada e queria falar mal de algum desafeto, dizia frases como “she is an ordinária!” Misturava palavras das duas línguas como “aquela old” ou “o blackzinho”. Irene também conta sobre um parente Stafford (Patrício Stafford, irmão de Anna), que só falava inglês e que, deprimido, sentava-se na escada externa da casa e pedia, aos brados: “Give me a candle! I want to die!” – “Me dê uma vela! Quero morrer!” Contam também que ele vivia sozinho e não dividia nada com ninguém. Se estivesse comendo e avistasse pela janela alguém chegando, escondia o prato numa gaveta e pedia desculpas à visita: “Acabei de almoçar”.

Anna Stafford Yates

Eduardo Lloyd Yates
Fotos cedidas por Nino Borges
“Diz dona Anna Stafford Yates, moradora nesta cidade, que no dia 29 de junho último, faleceu seu marido Eduardo Lloyd Yates, em seu domicílio, sem testamento, com quem era casada pelo regime de comunhão de bens, deixando os seguintes filhos legítimos do casal:
Ricardo Yates Netto, com 32 anos, casado com Adelia Mariath Yates;
Anna Yates Gaiger, casada com Christovam Gaiger, com 30 anos;
Alfredo Yates, com 27 anos, solteiro;
Catharina Yates, com 24 anos, solteira;
Eduardo Stafford Yates, com 21 anos, solteiro;
Isabel Yates Barragam, com 18 anos, casada com Wenceslau Barragam;
Alberto Yates, com 16 anos, solteiro;
Maria Yates, com 14 anos, solteira;
Deolinda Yates, com 12 anos, solteira;
João Thomas Yates,com 10 anos;
Patrício Luis Yates, com cinco anos;
Todos moradores nesta cidade"
Eduardo, o primeiro Yates nascido no Brasil
No Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, além do inventário do pioneiro, encontra-se o de Eduardo Lloyd Yates, o primogênito do casal Richard e Mary, falecido em 29 de junho de 1914, aos 56 anos. Consta nesse inventário que Eduardo era médico licenciado, morava na rua Gonçalves Chaves, em Pelotas, e foi sepultado no Cemitério Público da cidade. Ele havia casado em 28 de outubro de 1882 com Anna Murphy Stafford , na Igreja Nossa Senhora da Consolação, no atual município do Capão do Leão. Ela era filha de Patrick Stafford e tinha o mesmo nome da mãe. Leandro Betemps, pesquisador em Pelotas, localizou registros que informam que os avós de Anna Murphy Stafford eram Thomas Ignacio e Margarida Murphy e Michael e Margarida Stafford.
Anna Stafford tinha quatro irmãos: Catharina, Patrício, Eduardo e Henrique. Segundo Nino Borges, foram registrados no embarque, em Liverpool, os nomes de Michael, Thomas e Nicholas como filhos de Owen Stafford. Este era irmão de Patrick Stafford – o pai de Anna – , farmer, viúvo, oriundo da cidade de Cork, capital do condado de Cork, ao sul da ilha. Esses nomes, informa Nino Borges, não constam no registro de chegada do brigue Gypsey, que os trouxe de Santos para o porto de Rio Grande. Mas reaparecem nos registros da Sociedade Auxiliadora da Imigração porque retiraram sementes e ferramentas para pagar com a colheita.
Eduardo morreu de tuberculose pulmonar, deixando a esposa, Anna, e 11 filhos. Consta em seu inventário, que está no Arquivo Público do RS , em Porto Alegre, o seguinte texto:
Irene Loureiro Vianna, neta de Eduardo, lembra que seu avô, que era médico homeopata, preparava pessoalmente os medicamentos, com a ajuda da filha Catharina, mãe de Irene. Com boa posição financeira, acabou perdendo todo seu dinheiro. Ele passou a manter a família com as homeopatias e aulas de línguas.
A esposa de Eduardo, Anna, que nascera em 3 de março de 1864, morreu velhinha, aos 84 anos, em 13 de janeiro de 1948. Dos 11 filhos do casal, sabemos que Catharina, que era solteira na época da morte do pai, casou depois com Luiz Lino Loureiro. Alberto teve dois casamentos - com Laura Castro e com Berolina da Silva. Patrício Luis casou com Cedalia Pereira dos Santos. Três dos filhos de Eduardo e Anna faleceram no mesmo ano de 1916, possivelmente vitimados por tuberculose. Estes foram Alfredo, nascido em 02/08/1886 e falecido em 05/09/1916, Eduardo, nascido em 12/08/1891 e falecido em 17/10/ 1916, e Isabel, nascida em 05/08/1894 e falecida em 26/07 /1916.

Casamentos entre imigrantes
Alguns dos filhos de Richard Lloyd Yates e de Mary Monks casaram com filhos de imigrantes irlandeses e juntaram à família sobrenomes como Stafford, Foster e Sinnott. Eduardo, o primogênito, casou-se com Anna Stafford, de família irlandesa, e teve onze filhos. Ricardo Yates Junior, o segundo filho de Richard, era casado, como consta no inventário, mas o nome de sua esposa não é conhecido. Ele era marítimo e, possivelmente, não morava em Pelotas. Nada se sabe sobre a terceira filha, Maria. Catharina, a quarta filha, casou-se com Martin Etchebest, um sobrenome de origem basca. Tiveram os filhos Theodorico, Fortunato e Luis. O nome de Martin consta como proprietário de um açougue no Fragata, no Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (reúne informações de todo o país, de 1891 a 1940). Anna, a quinta filha, casou com Julio Foster.
Mathilde e Eliza, sexta e sétima filhas, casaram com dois irmãos Sinnott - o marido de Mathilde era Guilherme Sinnott e o de Eliza era Thomas Sinnott, filhos do imigrante John Sinnott, casado com Catharina Comford. Na verdade, Guilherme Sinnott foi o segundo marido de Mathilde. Ela havia casado com Wilhelm Moller, de quem enviuvou, casando-se em segundas núpcias com Guilheme Sinnott. Eumênia, a última filha de Richard, que era solteira na data do inventário do pai, casou-se com Genes Gentil Soares. Teve três filhos - Geni, Geraldo e Ricardo. Este último, Ricardo Yates Soares, casou com Hilma Starck. O casal teve quatro filhas: Moema, Marilia, Marilda e Marilena.
Mathilde teve a filha Maria Prudência no primeiro casamento, com Wilhelm Moller. De seu segundo casamento, com Guilherme Sinnott, nasceu Daisy Elisa Sinnott, no dia 12 de abril de 1901, no distrito pelotense de Monte Bonito.
Thomas e Eliza Sinnott tiveram quatro filhos: Ricardo, Thomas, João Walter e Maria. O mais velho, segundo recorda outro Ricardo Yates (filho de Patricio Luiz Yates), teve uma marcenaria na rua Manduca Rodrigues, em Pelotas.
Thomas e Guilherme Sinnot eram irmãos, filhos de John Sinnott, imigrante que, junto com outros irlandeses, veio formar a colônia Dom Pedro II, no Capão do Leão. Havia outro Sinnott com ele, de nome Edmund. Possivelmente eram parentes, mas não irmãos. John e Edmund foram assentados inicialmente colônia Dom Pedro II, mas algum tempo depois, por desavenças com o administrador da colônia, foram transferidos, junto com outros imigrantes, para a colônia de Monte Bonito, formada pelo empresário pelotense Thomas José de Campos. Hoje, existe no distrito de Monte Bonito a Estação de Tratamento de Água (ETA) Sinnott, pertencente ao Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep). Em Pelotas e em Porto Alegre há muitas pessoas com esse sobrenome e muitos acreditam que sua origem seja italiana.
George e Ann, os pais de Richard


George e Ann Yates estão sepultados neste cemitério, no túmulo 1559
Na certidão de casamento de Richard Lloyd Yates e Mary Monks, arquivada na diocese de Pelotas, aparecem os nomes dos pais de Richard - George Yates e Ann Lloyd Yates. Ambos estão sepultados no cemitério de Great Malvern, Worcestershire, Inglaterra, em sepulturas simples, sem lápides, lote 3, túmulo 1559.
Rex Sinnott, irlandês residente na Nova Zelândia, autor de um site genealógico da família Sinnott, descobriu na Inglaterra registros civis e dados de censos demográficos em que George Yates aparece como farmer (agricultor) e milkman (produtor de leite), nascido em 1787, em Diddlebury, Shropshire. Sua mulher, Ann Lloyd Yates, havia nascido em 1808, em Radnorshire, no País de Gales e fora batizada na paróquia de Beguildy. O casal teve quatro filhos: o primogênito Richard, Maria, William e Alfred. Nada se sabe sobre Maria. William casou-se com Eliza (não se conhece o sobrenome dela) e o casal teve uma filha, de nome Annie Elisabeth Yates, nascida em 1863, em Worcestershire. William trabalhava como builder e carter , ou pedreiro e condutor de carruagens.
Os registros obtidos por Rex Sinnott informam que George e Ann Yates viviam em Horbrook, Worcestershire, Inglaterra, segundo o censo de 1851, último ano em que Richard Lloyd Yates foi recenseado na Inglaterra e que foi, possivelmente, o último ano em que viveu em sua terra. Depois, os pais foram registrados no censo de 1861 em Great Malvern, também na região de Worcestershire, onde foram recenseados mais uma vez em 1871. Ele morreu em 1872, com 85 anos, em Great Malvern, Worcestershire, Inglaterra. Sua mulher havia falecido dois anos antes, em 1870, aos 62 anos, no mesmo local. Foram enterrados lado a lado no antigo cemitério de Great Malvern. As sepulturas, que têm mais de 200 anos, são simples túmulos sem lápides ou qualquer outra identificação, apenas assinalados por uma fina estaca de madeira.
Fotos Adelia Yates 2017
Os Monk no condado de Wexford, Irlanda
Graças à gentileza do jornalista e pesquisador Hilary Murphy (já falecido), de Wexford, foi possível localizar registros de alguns dos integrantes da família Monk, uma das que vieram ao Brasil como imigrantes. Edward Monk e Margareth Stafford se casaram em 4 de fevereiro de 1843. Ambos viviam na paróquia católica de Piercestown-Murrington, no condado de Wexford, onde foram encontrados os registros. Edward era de religião protestante e converteu-se ao catolicismo antes do casamento com Margareth. Ele foi batizado na Igreja Católica em 30 de janeiro de 1843, poucos dias antes, do casamento. Os pais de Edward eram James Monk e Elizabeth Aikens/Atkins.
De acordo com os registros encontrados, o casal Edward Monk e Margareth Sttaford aparentemente teve os filhos Mary, nascida em 1832 (no Brasil, ela se casaria com o inglês Richard Yates); William, em 1837; James, em 1840; Catherine, em 1843; Margaret, em 1845; Edward, em 1846, e Johanna, em 1848. Os nomes e as datas batem com os registros encontrados aqui, com pequenas diferenças.
Parentes distantes nos Estados Unidos
Em 2013 surgiu na pesquisa a informação de que o último filho de George Yates, chamado Alfred, havia emigrado para os Estados Unidos em 1881. Lá, tornou-se um próspero e influente comerciante de tijolos, prestigiado pela indústria local, que muitas vezes divulgou elogios à sua atividade. Esse comerciante também registrou várias patentes de produtos.
Hoje, os descendentes de Alfred, principalmente seu trineto Alan Yates, também procuram conhecer a história da família. Ele vive em Olean, estado de Nova Iorque, e guarda documentos sobre a importância da contribuição profissional do trisavô. Alan, que possivelmente é um primo distante dos Yates do Brasil, tem dois irmãos – Terrance e Tammy. É casado com Lara Yates e tem seis filhos. Ele incluiu dados sobre o trisavô Alfred Yates na página Família Yates, no Facebook.
Alan contou que, três anos depois da chegada de Alfred Yates aos Estados Unidos, vieram também sua esposa, Jessie, e dois filhos, Amy Gertrude Yates e Ernest Stuart Yates - que é o bisavô de Alan. Seu avô é Sydney Ward Yates e seu pai é Burton Lee Yates. Alan descobriu que os pais de George Yates eram Thomas Yates e Ann Page. Ele também encontrou a localização do túmulo de nosso ancestral George, no cemitério de Great Malvern.